quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Arrigo Barnabé e os Tubarões Voadores.



Numas perambulâncias internéticas achei um cara que em poucos dias já considerei um gênio. Arrigo Barnabé, conhecido de nome, já tinha ouvido minha mãe cantarolar uma coisa ou outra, mas nunca tinha parado pra conhecê-lo de fato. Certo dia eu estudando sobre dodecafonismo, afim de ouvir e conhecer melhor a coisa, pego na Wikipédia uma lista de compositores dodecafônicos . No meio de um monte de nome russo, alemão e francês, o nome de um brasileiro, contemporâneo, o que me intrigou bastante. Lá estava Arrigo Barnabé e suas composições vanguardistas, experimentais e dissonantes. Mais uma vez obrigada Wikipédia por salvar a pátria! Ouvi duas ou três músicas dele no Youtube e já fiquei babando pelo cara. Pouco tempo depois, logicamente, já tava baixando uma penca de coisa.
Achei genial as composições rítmicas e melódicas, a presença das dissonâncias, a dramaticidade do texto das músicas, as sensações caóticas, o caráter quadrinhesco, o lance meio "performer" que ele apresenta nos shows. Enfim, o Arrigo é um artista daqueles que deixa a gente com um frisson estético durante dias. Mas chega de rasgação de seda. 

Esse vídeo que estou postando ilustra a história da música Tubarões Voadores, escrita e desenhada por Luiz Gê, musicada por Arrigo. Aliás, parabéns aos caras que fizeram esse vídeo, apesar de simples, ficou bem bacana. Eles fizeram uma espécie de recorte da história em quadrinho de Tubarões Voadores que vinha junto com o vinil. 

Agora falando da música em si, resumidamente, Tubarões Voadores é uma espécie de lenda urbana, onde tubarões voadores facínoras aterrorizavam uma cidade fazendo atrocidades e mantendo todos refém. Acredito que talvez no meio disso possa haver uma crítica ao regime militar, afinal o álbum é de 1984, finalzinho da ditadura. Ou pode ser só um devaneio meu mesmo e não passar de mais uma historinha sangrenta de quadrinhos. Enfim, mas fora as racionalizações, o mais legal dessa música são as sensações caóticas que a gente sente. Acho que as dissonâncias provocam um estranhamento no ouvido a um ponto de fazer você prestar atenção de fato na música, você consegue se deixar levar pelos sons. Arrigo transporta musicalmente você num labirinto de sons que te fazem sentir a balburdia de uma cidade atormentada por barulhos e medos. Bom, mas não adianta nada eu continuar a descrever, o negócio só vai  ouvindo mesmo. Até porque quem é bom mesmo nessa coisa de resenha é meu amigo George Facundo (recomendo: http://mundo-facundo.blogspot.com/). Então, espero que curtam! 

*Recomendo também: Clara Crocodilo, Diversões Eletônicas (dois hits) e Canção do Astronauta Perdido.

2 comentários:

  1. Sem dúvida, um dos sons mais originais das terras tupiniquins! Como você mesmo já disse, ele é genial!

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  2. incrível, lia! muito massa esse vídeo, ainda não conhecia! eu também fiquei vários dias com um frisson quando parei pra conhecer arrigo... adorei o post!;)

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