quarta-feira, 9 de março de 2011

O sopro.


Certas manhãs tudo parece está no mesmo nível.
Essas coisas sobre viver e tudo mais me faz doer dos tornozelos até os poros da cabeça.
É porque despertar é sempre um grande esforço
E eu não me acostumo.
A morte nunca é a melhor solução
Há muita gana por pequenas coisas.
Estamos em frente ao tempo, a cada instante.
Olhamos em seus olhos e ele nos desvenda, nos deflora
Pétala por pétala...

Muitos poetas falam sobre flores
Acho que é porque há uma beleza no sucumbir das coisas.
São sempre bonitas, jovens, essas flores
Em suas redomas e vasos
Em seus cuidados e perfumes impecáveis
Em suas raízes ávidas.
Um pequeno descuido e lá estão elas, murchas, apenas mais uma entre tantas...
E todo perfume, raízes, pétalas não passam de adubo,
vida que passou.

Tanto esplendor se faz naquilo que mais ansiamos
E que passa segundo por segundo
No vento que toca a pele e esculpe as marcas que vemos a cada dia quando acordamos.
É preciso muito mais que apenas ver passar o tempo
é preciso adorá-lo, como um deus pagão
Porque são nessas marcas
São nessas manchas que percebo
A mácula do viver ardendo em mim.
E a morte?
Bem, essa é a responsável por tudo isso.





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